Comentando a Palavra
Segundo domingo de Advento.
Assim veio João, batizando no deserto e pregando um batismo de conversão
Hoje, quando se levanta o pano do drama divino, podemos ouvir logo a voz de alguém que proclama: «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele» (Mc 1,3). Hoje, encontramo-nos perante um João Batista que prepara o cenário para a chegada de Jesus.
Alguns julgavam que João era o verdadeiro Messias. Pois falava como os antigos profetas, dizendo que o homem deve sair do pecado para fugir do castigo e voltar a Deus a fim de encontrar a sua misericórdia. Mas esta é uma mensagem para todos os tempos e para todos os lugares, e João proclamava-a com urgência. Assim, aconteceu que um caudal de gente, de Jerusalém e de toda a Judeia, inundou o deserto de João para ouvir a sua pregação.
Como é que João atrai tantos homens e mulheres? Certamente denunciava Herodes e os líderes religiosos, um ato de valor que fascinava as pessoas do povo. Mas, ao mesmo tempo, não se poupava em palavras fortes para todos eles: porque eles também eram pecadores e deviam arrepender-se. E, ao confessarem os seus pecados, batizava-os no rio Jordão. Por isso, João Batista os fascinava, porque entendiam a mensagem do autêntico arrependimento que lhes queria transmitir. Um arrependimento que era algo mais que uma confissão do pecado —em si, um grande passo em frente e de fato muito bonito! Mas, também, um arrependimento baseado na crença de que apenas Deus pode, ao mesmo tempo, perdoar e apagar, cancelar a divida e varrer os restos do meu espírito, retificar os meus caminhos morais, tão desonestos.
«Não desaproveiteis este tempo de misericórdia oferecido por Deus», diz São Gregório Magno. —Não estraguemos este momento apto para impregnar-nos deste amor purificador que se nos oferece, podemos agora dizer que o tempo de Advento começa agora, entre nós, a abrir-se caminho.
Estamos preparados, durante este advento, para direcionar os nossos caminhos a nosso Senhor? Posso converter este tempo num tempo para uma conversão mais autêntica, mais penetrante na minha vida? João pedia sinceridade –sinceridade comigo próprio- ao mesmo tempo que abandono na misericórdia Divina. Ao fazê-lo, ajudava o povo a viver para Deus, a compreender que viver é a forma de lutar para abrir os caminhos da virtude e deixar que a graça de Deus vivifique o espírito com a sua alegria.
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