Comentando a Palavra

Quarto domingo de Advento.

A irrupção do Mistério de Deus em nossa vida

A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber. Enquanto José pensava nisso, o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, e disse: "José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados". Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: "Vejam: a virgem conceberá, e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco".
O evangelho de hoje nos remite ao mistério da origem de Jesus a quem Mateus apresenta no início e no fim (28,20) de seu evangelho como o Emanuel, Deus conosco.
A generosa disponibilidade de uma mulher e de um homem possibilita que o Filho de Deus se faça carne de nossa carne e osso de nossos ossos.
O evangelista busca partilhar com sua comunidade como foi que se realizou este encontro entre o divino e o humano que dá à luz a Jesus, o Messias.
Não esqueçamos que a maioria dos destinatários de obra de Mateus são judeus convertidos ao cristianismo, por isso ele deixa claro desde a primeira linha do seu evangelho, que Jesus é o digno aspirante a Messias (filho de Davi) e autêntico israelita (filho de Abraam).
Situemo-nos no lugar deste acontecimento que marcou a história. Na Palestina, na região de Galiléia, na cidade de Nazaré, uma jovem camponesa comprometida em casamento, antes de viver com seu marido, "ficou grávida pela ação do Espírito Santo".
Neste mistério, Maria ocupa um lugar central, o obrar de Deus se dá na sua vida, a qual ela colocou a total serviço do Projeto de Deus. Sua virgindade, sinalizada pelo evangelista, quer marcar essa disponibilidade total. É uma virgindade fecunda, prenhe de salvação!
Paremos um momento para olhar para Maria, e a nova vida que cresce em seu ventre. Milagre de amor divino e humano, esse embrião que vive em Maria é Jesus, nosso Salvador.
Num tempo em que tanto se discute sobre se os embriões são seres humanos u não, e o uso deles para pesquisas científicas, contemplar Jesus embrião pode ajudar-nos a ser mais amantes e defensores da Vida, desde seu início.
É surpreendente o caminho que Deus escolheu para salvar-nos! É o caminho da vida e da fragilidade humana que se inicia num embrião e culmina na cruz!
Esta jovem mulher grávida é portadora em sua pequenez da Vida de Deus para toda a humanidade. Como não agradecer a Maria sua total disponibilidade, sua feminina colaboração no mistério da salvação.
Ela também nos convida a não desprezar a fragilidade e a pequenez pessoais, comunitárias, sociais, elas podem significar crescimento, nova vida. Quando as assumimos, as abraçamos, elas nos concedem "palpar", experimentar ao Deus da vida, com sua ternura e cálido poder.
Olhando para nossa vida e história, quais são as minhas fragilidades, quais percebo ao meu redor? Da mão de Maria podemos hoje apresentá-las a Deus para que nelas germine a novidade da salvação.
Mas Maria não está sozinha, está junto de seu companheiro José. Pouco se fala dele na Bíblia. Mateus o apresenta como um homem justo.
O importante é que ele também se dispõe a colaborar com o projeto de Deus, movido pelo Espírito como sua futura esposa. Aceita ser pai adotivo do Filho de Deus, a quem ele "lhe dará o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados".
Uma das poucas coisas que sabemos da relação de Maria e José é que ambos se unem totalmente no serviço, no cuidado de Jesus, que é entrega à vida e ao reino de Deus.
Isso pode iluminar e questionar nossas relações, para onde apontam, a quem servem, são relações que geram vida?
Para isso tiveram que deixar para trás outros projetos, sonhos pessoais, para livremente abraçar a proposta da vinda do Messias.
Olhemos para José, Maria e a vida que cresce em seu ventre, e deixemos que a alegria que eles vivem nos inunde e contagie, porque Deus está conosco, é o Emanuel!

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